sexta-feira, 20 de junho de 2014

Esteatose Hepática também pode estar relacionada ao excesso de frutose.

Excesso de fruta pode deixar o fígado gorduroso?


O seu fígado vai bem?
Se você estiver com acumulo de gordura no fígado, então poderá ter esteatose hepática, que  também é conhecida como “fígado gorduroso”.
No final da década de 1980 é que a classe médica passou a dar mais atenção a essa patologia, pois com a epidemia  da obesidade nos EUA, a gordura no fígado aumentou também.
É normal encontrarmos gordura no fígado, mas quando isso ultrapassa 10% do peso do órgão, então se caracteriza a esteatose.
Quanto maior a quantidade de gordura, maiores chances de ocorrer uma lesão hepática.

 O excesso de gordura (principalmente triglicéridia) sobre as células acarreta danos, como a inflamação do tecido, essa condição é reversível, por isso devemos nos preocupar com o estilo de vida e alimentação, assim já fazemos um preventivo.


Nesse estagio, (esteatose) quando fígado está com gordura em excesso e inflamado, se não houver tratamento pode ocorrer evolução para uma  esteato-hepatite ou hepatite gordurosa.
Para causar essa esteatose existe dois caminhos principais, o excesso de álcool, ou o excesso da gordura depositada sobre o fígado.
Próximo estagio da doença é a cirrose.
Recapitulando os estágios
Gordura depositada superior a 10% do peso do fígado, esteatose.
Se não for tratada pode evoluir para esteato-hepatite, se não for tratado poderá evoluir para cirrose.


Pesquisas mostram que praticamente 70% dos portadores de esteatose são obesos, e quanto maior o sobrepeso, maior o risco da evolução.

Mas não fica só nisso, ainda há outras maneiras de depositar gordura sobre o fígado, o organismo que é portador de doenças auto imunes, ou  diabetes tipo 2, ou hepatite B ou C crônica, doenças metabólicas,  resistência a insulina,  ou colesterol elevado também está propenso a desenvolver esteatose.

Portanto não são somente os obesos e ou apreciadores (em excesso) de bebidas alcoolicas que estão sujeitos, os magros com baixa ingesta de álcool também correm risco, caso sejam diabéticos, estejam com colesterol elevado, e se estiverem com resistência a insulina, etc.
Mas o grande perigo é que a esteatose e a esteato-hepatite são assintomáticas em fases iniciais, e normalmente são descobertas através de tomografias ou ultrassonografias realizadas com outros objetivos.
Mas veja bem, não são todos os obesos que desenvolvem essa patologia, nem todos os alcoólatras, nem todos os diabéticos, portanto ainda não se sabe ao certo o que faz o organismo depositar essa gordura sobre o fígado.
Pessoas que fazem uso prolongado de alguns medicamentos como corticoides, aspirina, metotrexato, vitamina A, amiodarona, áciso valpórico, teraciclina, esses produtos podem ser tóxicos para o fígado, e ainda pessoas com carências alimentares, com baixa ingestão de proteínas, ou as que foram submetidas a cirurgias de bypass intestinal para tratar obesidade mórbida, podem estar mais propensos a desenvolver esteatose.
As pessoas que desenvolvem essa doença, provavelmente possui  alguns mecanismos anormais que favorecem a acumulação de gordura no fígado. Essa gordura pode vir de outras partes do organismo (tecido adiposo) ou pode vir de uma absorção excessiva de gordura no intestino. Como também pode ser proveniente a uma diminuição da degradação e remoção de gordura pelo fígado.

O fígado é a maior  glândula do organismo, pode pesar até 1,5 Kg. Pode exercer mais de 250 funções,  possui atividades endócrinas e exócrinas. E por minuto passa por ele cerca de 1,5 L de sangue.

O fígado tem como suas principais funções:
Hemocarotese: participação na destruição das hemaceas.
Emulsificação de gorduras (provenientes da digestão) secretando bile.
Hematopoiese: juntamente com baço e medula óssea participa da produção de células do tecido sanguíneo.
Armazena e metaboliza vitaminas lipossolúveis e os minerais como ferro e cobre.
Armazena glicogênio e  metaboliza em glicose enviando para o sangue para ser usado como fonte de energia quando necessário.
Sintetiza proteínas plasmáticas.
Desintoxicação de toxinas endógenas e exógenas.
Atua na produção de precursores de plaquetas (sintetizando protrombinas e fibrinogênio)
Faz a conversão da amônia em ureia.
Faz filtragem de impurezas do sangue, enviando as toxinas para os rins eliminarem.
O fígado ainda transforma a gordura da alimentação e a gordura acumulada como fonte de energia quando necessário.
Transforma a galactose, a frutose em glicose para poder ser usado como fonte de energia.
Transforma as proteínas em aminoácidos, faz a síntese de aminoácidos não essenciais e a produção de proteínas essenciais, como a albumina (importante para a osmolaridade do sangue), transferrina, fibrinogênio e outras lipoproteínas.
Faz a síntese do colesterol.
Participa na reciclagem dos hormônios
Sintese de angiotensinogenio, hormônio que aumenta a pressão sanguínea quando ativado pela renina.
O fígado desempenha muitas funções e por isso devemos dar devida atenção à dieta e estilo de vida.

Mas no que as frutas podem influenciar para desenvolver um fígado gorduroso?
Bem, precisamos entender o metabolismo da frutose, o açúcar das frutas.
A frutose é um açúcar do tipo monossacarídeo, é 1,7 vezes mais doce que a sacarose (dissacarídeo formado por uma frutose e uma glicose, dextrose) que é o açúcar comum.
A frutose não é encontrada apenas nas frutas, mas também em alguns cereais, vegetais e no mel.
Por ser mais doce que o açúcar comum é largamente utilizada pela industria alimentícia.
No nosso organismo, esse açúcar é usado como fonte de energia alternativa.
A frutose possui um grupo cetona , por isso é considerada uma Cetose. Possui 6  carbonos, considerada uma hexose, portanto é uma cetohexose.
No organismo humano, o metabolismo da frutose ocorre no fígado, que tem grande capacidade de absorção e fosforilação.. Ela é fosforilada a frutose-6-fosfato pela hexocínase, seguindo posteriormente para a glicólise, onde será metabolizada a ATP.
No fígado portanto, a frutose é transformada em gliceraldeído-3-fosfato e só depois entra na via glicolitica.

Assim, um consumo excessivo da frutose leva a uma saturação da via glicolitica, levando ao aumento de acetil-coA, e que por sua vez aumenta a biossíntese de ácidos graxos.
Estes ácidos graxos são usados como fonte de energia, principalmente no fígado, armazenados como deposito de triglicerídeos ou liberados na corrente sanguínea como VLDL e ácidos graxos não esterificados. Essa característica torna  a frutose um nutriente altamente lipogenico.



Apesar das fontes da frutose serem tão saudáveis, podemos observar que ela pode estar associada a não somente a esteatose hepática, mas também a obesidade.

O poder adoçante, sabor agradável, estrutura química semelhante ao da glicose e por não depender da insulina para ser absorvida, faz da frutose uma excelente opção para as industrias desenvolverem produtos, inclusive para diabéticos. Hoje muitas bebidas e frutas industrializadas são adoçadas com frutose.


Por todos esse motivos o consumo de frutose aumentou muito, chegando a 55 gramas/dia, o que corresponde a 10% do consumo de energia. Aproximadamente um terço dessa frutose era provenientes de alimentos saudáveis, e dois terços vem de produtos com frutose adicionada.
Tudo parecia perfeito, mas a frutose parece ter efeitos adversos sobre os lipídios plasmáticos e desenvolvimento de resistência à insulina, podendo contribuir para aumento do peso.
Devemos ser cautelosos, mas jamais deixar de consumir alimentos saudáveis como frutas, legumes, cereais, mel.
Devemos sim, evitar alimentos industrializados com adição de frutose, reduzir o consumo de açucares, e dar preferência para a fruta in natura, e sucos de frutas só de vez quando, comer a fruta é melhor opção, pois em uma fruta temos fibras, e muitas vezes uma fruta é suficiente, já para fazer o suco precisamos de várias frutas, o que aumenta a ingesta da frutose e diminui a ingesta de fibras.
Como já foi dito, a esteatose hepática é praticamente assintomática, mas o estágio avançado da doença pode ter sintomas como enjoo, vomito, dor e inchaço abdominal, pele e olhos amarelados. Esses sintomas mostram que já existe um comprometimento do fígado.

O diagnostico pode ser feito por exames de imagens, como ultrassonagrafia, tomografia computadorizada, ressonância magnética (esses exames evidenciam o excesso de gordura depositado sobre os hepatócitos) e em alguns casos, deve ser feito diagnóstico através da biopsia do fígado.


Tratamento
A esteatose hepática pode ser tratada, e isso ocorre através de uma dieta hipocalórica, atividade física  que devem ser orientados por profissional competente.
O profissional irá observar o estilo de vida e fazer as devidas correções para sanar o problema, se o paciente for obeso, deverá tomar medidas para redução do peso. Se a doença estiver sendo provocada devido ao uso de um determinado medicamento, então deverá fazer a substituição do medicamento.
Se a causa for excesso de bebida alcoólica, então o médico irá suspender o álcool e tomará providencias para evitar crises de abstinência, por isso a necessidade de ser acompanhado pelo profissional.
Se o paciente tiver uma alimentação deficitária, então esta deverá ser corrigida.


Os diabéticos mal controlados, que já desenvolveram a esteatose hepática, deverão fazer grande esforço para manter níveis de açucares no sangue dentro dos valores normais, para assim, conseguir reverter a esteatose.



A nossa preocupação não deve estar focado no consumo de alimentos saudáveis, pois isso devemos priorizar na nossa dieta. Mas devemos deixar de lado os alimentos industrializados que recebem adição de frutose. Pois muitas vezes lemos frutose no rotulo e imaginamos que seja algo bom, mas esses  “alimentos” devemos deixar de lado. O açúcar é um grande inimigo da nossa saúde, seja ele branco refinado, seja ele orgânico, cristal, devemos evita-lo sempre. As gorduras ruins também devemos evitar.
Alimentos naturais, atividade física, lazer, estar feliz, protege nosso fígado, protege nosso organismo. Viva  nossa saúde