sexta-feira, 4 de abril de 2014

Dieta anti-inflamatória - inflamação causa dores e envelhecimento

Você com certeza sabe o que é uma inflamação. Mas você sabia que você pode ser 

uma pessoa "inflamada"?


O organismo reage a uma infecção ou lesão dos tecidos produzindo o processo inflamatório. Durante esse processo de defesa do nosso corpo, a região afetada fica avermelhada e com aumento da temperatura, isso ocorre devido ao aumento do aporte sanguineo e também pela migração de células do sistema imunológico (leucócitos, macrófagos, linfócitos). O organismo produz substâncias químicas que produzem a dor. Nesse processo leucócitos destroem os tecido danificado, e com isso sinais são enviados para células fagocitárias, que irão chegar ao local para ingerir e digerir o tecido morto e os antígenos presentes.



Esse é o processo fisiológico do nosso organismo, é lindo isso. Mas nesse processo magnífico de defesa ocorre também alguns prejuízos para nosso organismo, como por exemplo a morte de tecido saudável, composto por células saudáveis.
Em algumas doenças, a inflamação passar a ter um caráter destrutivo, pois esse processo não cessa, e então a inflamação e seus desconfortos passam a fazer parte da vida da pessoa, e tornando um processo crônico.
A inflamação pode ser combatida pelo sistema imune inato, quando o organismo produz uma resposta não específica contra padrões de agressão que já foram previamente e geneticamente definidos.
Mas a imunidade adquirida também pode dar respostas ao organismo por caminhos diferentes. Neste caso o sistema imune identifica agentes agressores específicos segundo seu potencial antigênico. Ou seja, o organismo precisa entrar em contato com o agente agressor, identificá-lo como inimigo nocivo e só então produzirá uma resposta.
Até aqui, você já conhece, pelo menos um pouco, mas o que você talvez não saiba, é que todos os dias nosso organismo sofre com pequenas inflamações que nem tomamos conhecimento.
E essas pequenas inflamações constantes podem causar sérios problemas para nosso corpo. Patologias graves podem ter inicio nesse processo crônico de inflamação.



E também ocorre o contrário, patologias instaladas podem favorecer pequenas inflamações no corpo.

Pessoas que sofrem com doenças auto imunes, como lúpus, esclerose múltipla, doença de Crohn, artrite reumatóide, entre outras. Pesquisas tem mostrado que a inflamação crônica também tem sido considerada como fator que contribui para doenças como o Mal de Alzheimer e alguns tipos de doenças cardíacas.

Inflamação gera radical livre, que gera a degeneração de células, que gera a aceleração do envelhecimento.
Agora vem a boa notícia: Através da alimentação é possível "inflamar" menos.

A palavra dieta refere-se a hábitos alimentares individuais. Cada pessoa tem e segue sua dieta, sendo saudável ou não.

Para seguir uma dieta com regras específicas é necessário o acompanhamento de profissionais competentes, pois somente esses profissionais poderão adequar a dieta às suas necessidades. Desde a seleção de alimentos, até as porções e horários ideais.

Mas o estilo de vida e a dieta de cada um, determina a saúde que essa pessoa tem ou terá.

Uma dieta inadequada, desequilibrada poderá ter efeitos desastrosos para o organismo.

A dieta anti inflamatória visa reduzir a inflamação e diminuir riscos de desenvolver doenças. A proposta é mostrar quais alimentos podem favorecer o processo inflamatório e quais alimentos podem diminuir esses processos.

Médicos como Dr Andrew Weil e Dr Perricone desenvolvem pesquisas sobre esses alimentos e porções que precisamos para que consigamos efeitos anti inflamatórios.

Seguindo essas dicas, todos podem se beneficiar, desde os que sofrem com dores e procuram medidas mais naturais, pois medicamentos possuem efeitos colaterais.

Os alimentos pró inflamatórios são aqueles com maior risco de sensibilidade e alergias.

1-Leite
Esse é um dos campeões em alergias, intolerâncias.

Não só o leite, mas todos os laticínios devem ser evitados, iogurte, queijos, manteigas, etc.
Não só pó causa da lactose, que é um açúcar que muitas pessoas não conseguem digerir, causando desconfortos e até problemas mais sérios de saúde. Mas nesses produtos também encontramos uma proteína que se chama caseína, e essa proteína pode ser pró inflamatória para muitas pessoas. Por esses motivos, devemos evitar esses alimentos, evitando assim a possibilidade de favorecer inflamações. Quando a pessoa já está doente, já está inflamada, deve se abster desses alimentos para ajudar a recuperação, mas se a pessoa sente-se saudável, experimente ficar 20 dias sem consumir, e perceba se houve alguma mudança, desde humor, irritação, sensação de empachamento, distensão abdominal, e então você mesmo notará quais alimentos te deixam mais dispostas e quais alimentos trazem algum prejuízo para sua saúde.


2- Trigo
Principalmente nesse alimento, encontramos uma outra proteína pró inflamatória, muitas pessoas sofrem de intolerância ao glúten.


O glúten é uma proteína formada pela mistura de cadeias proteicas longas de gliadina e gluterina. Encontramos glúten na semente de muitos cereais como trigo, cevada, centeio, triticale, aveia.
A doença celíaca é uma doença autoimune em que o causador é o glúten.
Essa doença possui sintomas diferentes em cada faixa etária. Crianças pequenas apresentam diarreias, distensão abdominal, problemas no desenvolvimento. Também podem ocorrer vômitos, irritabilidade, falta de apetite. Já na puberdade e adolescência, pode ocorrer anemia, baixa estatura, sintomas neurológicos.
Adultos apresentam crises de diarreia acompanhadas de dor e grande desconforto abdominal. Podem ocorrer sintomas mais silenciosos como anemia, osteoporose, dermatites, alterações hepáticas, sintomas neurológicos e outros.
O que acontece é que pessoas que não conseguem fazer boa digestão de moléculas de gliadina, essas substancias mal digeridas, quando entram em contato com as camadas mais internas da mucosa intestinal, desencadeiam uma resposta imunológica no intestino delgado, causando assim o processo inflamatório responsável por todos esses sintomas. Muitas pessoas podem apresentar apenas uma sensibilidade ao glúten, outras intolerância e até alergias.
Mas é muito fácil saber se essa proteína pode ou não estar te deixando “inflamado”.

Tente não consumir produtos a base de trigo por 6 a 8 semanas, e preste atenção no seu corpo. Depois, aos poucos, comece a introduzir na sua dieta novamente. Se você se sentiu melhor sem produtos a base de trigo, ou se percebeu algumas mudanças ruins quando voltou a ingerir o trigo, isso mostra que pode ser um sinal de sensibilidade ao glúten.
Mas não fique triste, temos hoje muitos alimentos deliciosos disponíveis no mercado e que são livres de glúten. Inclusive farinhas de arroz, de amêndoas, de quinua e muitas outras para serem substituídas nas nossas receitas.

3- Ovos
A proteína albumina, abundante na clara do ovo é a principal causadora das alergias. Normalmente a pessoa com alergia a albumina, acaba tendo que retirar da dieta também a gema, já que fica difícil isolar totalmente a gema da clara.


Para fazer o teste, fique sem consumir ovos, bolos, maionese, panquecas, bolachas, suflês e tudo que na receita inclue ovos por 6 a 8 semanas, e observe como se sente. Verifique os rótulos dos alimentos e deixe de lado também os alimentos que possuem em seus rotulos ovomucóide, avoalbumina, albumina e lisozima. Depois volte a consumir e perceba se ocorre alguma reação.
Os ovos fornecem aos alimentos uma textura agradável ao paladar, nas suas receitas teste para cada ovo uma colher de sobremesa de vinagre branco.
Lembre-se, o objetivo é evitar inflamções, mesmo aquelas que te prejudicam e você não percebe no mesmo momento, só verá quando no futuro essas inflamações tornarem-se crônicas.

4 – Carnes
Alimentos como pato, frango, carne bovina, suína, peru, gema de ovo, possuem Omega 6, que é um ácido graxo que contem ácido araquidônico (AA). Consumir moderadamente esses alimentos promove saúde e bom funcionamento cerebral, mas consumo excessivo pode ser muito prejudicial.
O AA é uma substancia pró inflamatória, vejam porquê:
Quando nossas células sofrem um estimulo (seja mecânico, químico ou físico, ou ainda por outros mediadores), os fosfolipideos das membranas celulares liberam ácido araquidônico, a partir da enzima fosfolipase A2. O AA livre pode ser metabolizado por duas classes principais de enzimas. Pela enzima ciclo-oxigenase (COX), sendo a isoforma COX-2 a envolvida na inflamação, pois origina-se aí a biossintese de prostaglandinas e tromboxanos, ou pelas enzimas lipo-oxigenase (LOX), originando a biossintese de leucotrienos.


Os prostanoides mais importantes no processo inflamatório são as PGE2, PGD2, PGF2, PGL2 (prostaciclina) e TXA2.

Essas prostagladinas possui ação vasodilatadoras, potencializam efeitos quimiotáticos, aumentam a permeabilidade de outros mediadores, além de exacerbarem o edema, promovem dor e febre.

Além disso tudo, o AA em excesso, deixa o organismo resistente a perda de peso. Quando ocorre inflamação crônica, o ganho de gordura é certo. Isso ocorre porque a própria gordura possui potencial inflamatório. Cria-se um ciclo vicioso depois de anos consumindo carne gorda e seus derivados.

Então ficou claro que consumir carne demais, é o mesmo que consumir AA demais, e o resultado será a inflamação.

Tenho uma dica pra você não cair nessa armadilha, para encorajar, participe da Campanha Mundial segunda feira sem nenhum tipo de carne.


Essa campanha visa reduzir o consumo de carne no planeta. Essa atitude pode abrandar o desmatamento das florestas para fazer pastos para o gado, reduz muito o sacrifício de muitos animais, e contribui para nossa saúde.

Vamos começar a semana com uma atitude “sustentável”.
Quando participar dessa campanha for fácil, e se tornar hábito, então podemos aumentar para mais dias na semana.
Não precisamos da carne todos os dias, encontramos proteínas de excelente qualidade no arroz integral e feijão, nas castanhas, amêndoas, avelãs, nozes, grão de bico, quinua, ervilha, lentilha, feijão branco, feijão azuki, aveia, semente de chia, etc.

Temos também no mercado a carne orgânica, encontrada em algumas lojas de alimentos saudáveis.

5 - Xarope de Milho
Se você ainda não conhece o xarope de milho, pode ter certeza que em algum momento você já deve ter consumido esse tal xarope de milho.
Nos rótulos de diversos produtos, encontramos xarope de milho com outros nomes como: glucose/frutose, isoglucose, xarope de glucose, xarope de frutose, xarope de alta frutose.

Quando este produto é produzido, enzimas são adicionadas para transformar a glucose em frutose. Uma dessas enzimas, recebe o nome de cloro-alcalina, e ela contem mercúrio. Isso pode fazer com que consumidores acumulem metais pesados no organismo, deixando a pessoa com inflamações, dores crônicas, infecções, enxaquecas, depressão, candidiase. Mas não é só isso.

Ao processar o xarope de milho, a glucose e a frutose são separadas, e essa frutose vai direto para o fígado, logo a produção de gordura é ativada. O excesso desse consumo leva a esteatose (fígado gorduroso), que causa mais inflamação, aumento da gordura visceral e aumento da resistência a insulina. Esses sintomas levam à obesidade e diabetes.

O xarope de milho é muito comum no nosso dia a dia, pois o encontramos nos refrigerantes, biscoitos, embutidos, iogurtes, sucos de caixinha, muitas vezes é adicionado a sopas, salsichas, carnes processadas e curadas, condimentos, cereais matinais e até em pães.
Ele acentua o sabor, e a grande quantidade de açúcar, faz com você queira que o doce seja cada vez mais doce, e ainda estimula o apetite.

Comer doces para muitos é muito bom, mas faça suas receitas com os melhores ingredientes, usando frutas e reduzindo a adição de açucares ou utilizando adoçantes a base de stevia ou mel. Sabendo selecionar o que se come, é possível não perder o sabor nem o prazer de comer bem.

6 – Alguns vegetais
Pois é, até alguns vegetais podem ajudar o sujeito a inflamar. Alimentos como a batata, berinjela, tomate e pimentão são vegetais pertencentes a família dos solanáceas, categoria que inclui plantas tóxicas como tabaco e belladona.

Nesses vegetais encontramos a substancia denominada solanina, que é um glicoalcalóide, tóxico de sabor amargo. Esse glicoalcalóide é formado por um alcaloide e por uma cadeia lateral de um carboidrato. É muito comum encontrar em folhas, frutos e tubérculos. Acreditam-se que as plantas sintetizam essa substancia para protegerem-se de predadores. Quando os tubérculos ficam expostos á luz, tornam-se esverdeados, começam a brotar. Nesse momento produzem solanina. Essa toxina provoca distúrbios neurológicos e gastrointestinais, provocando desconfortos digestivos, dores abdominais, náuseas, diarreias, vômitos, queimação na boca, dor de cabeça, vertigem e até hemorroidas. Os sintomas geralmente se manifestam de 8 a 12 horas após a ingestão.


Portanto, observar as batatas, quanto mais frescas, melhor. Vimos que são as batatas que quando esverdeadas possuem maior concentração de solaninas.

Veja quais alimentos fazem parte de uma dieta anti inflamatória.


1 – Sempre que possível, procure frutas e vegetais cultivados na sua região. Se puder consumir frutas e vegetais orgânicos, melhor ainda.

2 – Dê preferência as frutas da estação. Muitos fazendeiros oferecem seus produtos, geralmente são muito mais frescos.

3 – Carne vermelha pode fazer parte da sua dieta, mas não exagere, duas vezes por semana já é suficiente.

4 – Tente aumentar o consumo de peixe. Escolha os peixes de água fria. Peixes pequenos podem ter menores quantidades de mercúrio, e tem maiores quantidades de Omega-3, que tem propriedades anti inflamatórias.

5 – Alguns temperos possuem propriedades anti inflamatórias, vamos acrescentar nas nossas receitas, açafrão, alecrim e gengibre.


6 – Muitos cereais integrais estão à nossa disposição, cheios de nutrientes e sabores diversificados, basta incorpora-los em receitas gostosas, e oferecer para você e sua família essas novidades cheias de saúde. Você precisa conhecer a quinua, arroz marron, arroz negro, amaranto, painço, feijão integral, feijão azuki...etc. Esses alimentos são ricos em fibras, diminuindo o colesterol e deixando o processo digestivo muito mais saudável.

7 – Azeite de oliva extra virgem, prensado a frio possui propriedades anti inflamatórias. Devemos reduzir o consumo de óleos processados, margarina, hidrogenados. Os óleos quanto menos processados melhor para saúde do coração.

Seguindo essas dicas, dentro de três semanas já se percebe os benefícios no organismo. Mesmo pessoas que se sentem bem, podem sentir-se ainda melhor seguindo essas sugestões.


É natural criarmos uma barreira contra o novo, mas quando pensamos em saúde, quando sentimos dores, quando estamos envelhecendo a passos largos, nos sentindo inflamados, romper essa barreira do desconhecido pode nos dar a oportunidade de vivenciar coisas novas e talvez possamos gostar muito mais do que as coisas antigas. Essa matéria tem o objetivo de levar informações, mais conhecimento pra você , mas para mudanças radicais, aconselho consultar um profissional competente para te dizer qual melhor caminho você deve seguir.

Dra Alessandra Morgado